Almirante Tamandaré: conheça a história de um dos nomes mais populares do Brasil
Esse nome, com certeza, não lhe é estranho. Sua familiaridade se deve às ruas, municípios e avenidas que foram batizadas com ele por todo o Brasil. Belém do Pará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, entre outros locais do território brasileiro, foram apelidados com o famoso e, ao mesmo tempo, esquecido nome. Mas, quais seriam os motivos para tal? E mais importante ainda: quem carregou esse nome e o que fez? Essa é a curiosidade de hoje. Bem-vindos ao “Os Esquecidos Heróis da Pátria”.
Almirante Tamandaré Joaquim Marques Lisboa é o seu nome completo. Nascido em São José do Norte, Rio Grande do Sul, em 13 de dezembro de 1807, era filho de Francisco Marques, que ocupava o cargo de patrão-mor do Porto Grande. Tinha o hábito de sempre acompanhar seu pai ao ambiente de trabalho, onde subia nos navios para escutar as grandiosas histórias dos marinheiros, entretenimento predileto na infância.
Certa vez, com sete anos de idade, viu seu pai e irmão viajando para o Rio de Janeiro a fim de ingressar na Academia dos Guardas Marinhas. Devido à influência de um parente, Conselheiro Lisboa, Manuel, seu irmão, foi aceito na instituição.
Mas, a oportunidade de Joaquim entrar para a Marinha veio apenas em 1822, com a Independência do Brasil. Nesse ano, o governo procurava por novos tripulantes para resguardarem a imensa costa brasileira e lutarem contra movimentos armados de oposição à Independência. Então, no dia 4 de março de 1823, Joaquim se apresentou como voluntário ao comandante da fragata Niterói, o inglês John Taylor. E, no dia 29 de abril, a fragata onde Tamandaré se encontrava zarpa do Rio.
Depois de sua fragata ter conquistado diversas vitórias e ter perseguido muitas embarcações portuguesas, retornaram ao Rio de Janeiro em dezembro de 1823. Rapidamente, se matriculou na Academia da Marinha e em um curso de inglês. No Estado carioca, ficou próximo de Francisco Manuel Barroso que, mais tarde, se tornaria almirante e barão do Império.
Incrivelmente, aos dezoito anos, Joaquim lutou contra as províncias rebeladas (Confederação do Equador), sob as ordens do almirante Taylor. Depois de cumprir seu papel, voltou novamente ao Rio de Janeiro, em 1825. E, em fevereiro daquele mesmo ano, foi promovido a “segundo tenente” ainda muito jovem.
Assim que surge outro movimento separatista, dessa vez no Sul do país, o rapaz é enviado novamente. Durante os combates, destacou-se ao mostrar habilidade estratégica. Porém, no dia 6 de março, juntamente a 40 homens, ao tentar um ataque por terra, foi preso e trancado no porão de um navio; onde permaneceu até o dia 30 de março de 1826.
Da prisão, Joaquim e os outros prisioneiros só conseguiram sair apenas seis meses depois, quando foram levados para o continente e conseguiram fugir. Assim, foi promovido a “Primeiro Tenente”, para servir na Corveta Maceió. Em 1836, foi novamente promovido. Mas, desta vez a “Capitão-Tenente”, após ter cumprido sua missão em Belém do Pará, devido ao movimento da “Cabanagem”.
O Almirante casou-se com sua sobrinha, Eufrásia de Lima Lisboa, em 19 de fevereiro de 1838. Juntos, tiveram seis filhos. Porém, pouco tempo depois do casamento, Tamandaré foi mandado para lutar em Salvador, na “Sabinada”, em março do mesmo ano. Então, em 1844, foi promovido a “Capitão Naval”, depois de ter recebido um comando da Divisão Naval do Centro. Depois de suas aventuras pela Inglaterra e França, voltou ao Rio de Janeiro para, em setembro de 1859, ser nomeado Comandante da Divisão Naval, que levaria Dom Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina para a Bahia e o Pernambuco.
Acompanhou o monarca até a vista do vilarejo de Tamandaré, no litoral. Havia um cemitério ao lado da igreja de Santo Inácio e, lá, estava enterrado seu irmão Manuel. Por isso, o monarca permitiu que os restos mortais de Manuel fossem levados ao Rio de Janeiro com honras militares. Então, em 14 de março de 1860, Joaquim foi nomeado “Barão de Tamandaré”.
Quatro anos mais tarde, em 1864, inicia a “Guerra do Paraguai”. O Barão elabora, estrategicamente, o plano de ataque e chega a uma conclusão: determina que feche o rio do Paraguai. Ao lado de seu querido amigo Dom Pedro II, assistiu de camarote a rendição de Uruguaiana, em 1865. Comandou, com orgulho e segurança, a vitoriosa esquadra na Batalha do Riachuelo em 11 de julho.
Por consequência, na data 9 de janeiro de 1867, o Barão recebeu o mais alto posto da marinha: o de “Almirante Tamandaré”. E, aos 80 anos, recebeu o título de “Conde”, depois “Marquês” e ainda recebeu a “Ordem da Rosa”.
Um fato curioso, é que na Proclamação da República entristeceu-se na deposição do monarca, também seu amigo, de quem foi se despedir com belas palavras e lágrimas no caminho para o Exílio.
A história do grande guerreiro da Marinha brasileira termina em 20 de março de 1897. Foram seis décadas de serviços prestados ao Império, sempre pensando em honrar a pátria. Foi declarado “Patrono da Marinha Brasileira”, comemorando-se no dia 13 de dezembro, data de nascimento, o Dia do Marinheiro.
A trajetória de coragem, lealdade e profissionalismo do Almirante Tamandaré é o motivo pelo qual o nome dele identifica cidades, avenidas, ruas e municípios brasileiros.
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