Governo tenta conter danos após fala sobre anistia para manifestantes do 8 de janeiro

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, correu às redes sociais na manhã desta sexta-feira (11) para tentar conter o desgaste causado por declarações controversas que envolvem a possibilidade de anistia ou redução de penas para manifestantes envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

Na quinta-feira (10), Gleisi admitiu ser “plenamente defensável” discutir no Congresso a anistia ou revisão de penas para “algumas pessoas” envolvidas nas manifestações, o que gerou reação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A fala sugere, mais uma vez, que o governo petista enxerga com desconforto a pressão da sociedade por justiça equilibrada e proporcional — algo que vem sendo ignorado em julgamentos conduzidos com rigor seletivo.

Após o mal-estar, a ministra afirmou em publicação nas redes sociais que cabe apenas ao Judiciário a definição sobre o destino dos réus. “Quero deixar claro que eventuais revisões de pena aos réus do 8 de Janeiro cabem única e exclusivamente ao STF”, escreveu, em tom de recuo.

Apesar disso, Gleisi reforçou ataques ao projeto de anistia que tramita na Câmara, classificando-o como uma tentativa de “impunidade” para o ex-presidente Jair Bolsonaro e militares. A retórica, mais uma vez, tenta colar a narrativa de “golpe” em manifestações populares, ignorando o direito à liberdade de expressão e a legítima insatisfação com os rumos do país.

Parlamentares da base aliada do governo assinaram pedido de urgência para a proposta, o que evidenciou mais uma divisão dentro do próprio Planalto. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), criticou os colegas e afirmou que “é hora de saber quem está ao lado do governo e quem não está” — uma declaração que evidencia a postura autoritária do partido ao tentar enquadrar até mesmo seus aliados.

Na porta do Palácio da Alvorada, Gleisi se queixou de parlamentares que apoiaram a urgência da proposta, dizendo que estariam “desavisados”. No entanto, reconheceu que há espaço para debater a redução de penas para participantes dos atos, ainda que tente afastar a discussão da mesa.

A ministra voltou a citar o projeto de “punhal verde e amarelo” — uma narrativa que carece de provas e é repetida como forma de reforçar o clima de medo e justificar a criminalização generalizada de opositores ao atual governo.

O episódio revela um governo em dificuldade para lidar com os próprios aliados e para conter uma crescente insatisfação popular diante de condenações desproporcionais, perseguição política e tentativas de controle institucional.

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