Deputado do PSOL faz greve de fome após parecer favorável à cassação por quebra de decoro


Em mais um episódio de confronto entre o discurso político e a responsabilidade institucional, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) decidiu acampar no plenário 5 do Anexo 2 da Câmara dos Deputados após o Conselho de Ética aprovar, por 13 votos a 5, o parecer que recomenda a cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar.
Braga é acusado de agredir um militante ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), episódio que motivou a representação do partido Novo ao Conselho. A confusão teria ocorrido após o militante insultar a mãe do parlamentar, segundo relato da defesa. O deputado, no entanto, tenta transformar o processo em uma batalha ideológica, alegando ser vítima de perseguição por sua oposição ao chamado "Orçamento secreto".
Desde a noite de terça-feira (8), o parlamentar afirma não ingerir alimentos sólidos, alegando estar em greve de fome. Segundo nota de sua assessoria, ele está sendo acompanhado por equipe médica, mantendo pressão arterial estável e peso de 91,7 kg. Pela manhã, ele teria consumido apenas isotônico e água.
Braga, que se recusa a conversar com a imprensa, permanece deitado no chão do plenário e afirmou em rede social que “não será derrotado por Arthur Lira e pelo Orçamento secreto”, insinuando, sem apresentar provas, que o presidente da Câmara teria influenciado a votação no Conselho em troca de repasses orçamentários.
A alegação foi rebatida por Lira, que ressaltou não ter qualquer relação com o processo e classificou as acusações como “ilegítimas” e “sem provas”. O parecer aprovado foi apresentado pelo deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que não respondeu publicamente às acusações de Braga.
O caso expõe um cenário de radicalização dentro do PSOL. A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), de 90 anos, chegou a anunciar que se uniria à greve de fome, mas foi convencida por colegas a recuar.
O processo contra Braga segue agora para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Se confirmado, o parecer do Conselho de Ética ainda precisará ser votado em plenário. Enquanto isso, PSOL e PT anunciaram obstrução dos trabalhos da Câmara em protesto contra o andamento do processo.
A tentativa de politizar a aplicação de regras do regimento interno da Câmara evidencia o conflito constante entre determinados setores da esquerda radical e as instituições democráticas. O Conselho de Ética, ao contrário do que sugere a narrativa do deputado, seguiu os trâmites legais e foi provocado por um partido da oposição, e não por qualquer liderança da base governista.
Braga é um dos críticos mais vocais do mecanismo de emendas de relator — o "Orçamento secreto" — cuja transparência vem sendo debatida e ajustada após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
O caso evidencia não apenas as tensões políticas internas no Congresso, mas também os métodos cada vez mais extremos adotados por parlamentares na tentativa de desviar o foco do mérito de suas ações.
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