“Bolsonaro enfrenta STF de frente e denuncia perseguição política”

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) surpreendeu seus apoiadores e adversários ao comparecer pessoalmente ao STF (Supremo Tribunal Federal) para acompanhar o julgamento que pode torná-lo réu. Até uma hora antes da sessão, ele manteve sigilo sobre onde assistiria à audiência, para então surgir na corte e ocupar a primeira fileira, demonstrando coragem e enfrentamento.

O gesto lembra a postura do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que em 2023 se sentou à mesa da defesa em Nova York. Nos EUA, a presença do acusado é obrigatória em casos penais, ao contrário do Brasil, onde Bolsonaro não tinha essa exigência. Assim como Trump, que foi condenado por um processo controverso e politicamente motivado, Bolsonaro se vê como alvo de perseguição política. Trump, mesmo enfrentando condenações, seguiu forte e se tornou o principal nome da oposição nos EUA.

A decisão de Bolsonaro de ir ao STF teve apoio de seus aliados e de sua equipe de advogados, que enxergam no gesto uma forma de enfrentar diretamente os ministros da Primeira Turma, que, segundo aliados do ex-presidente, têm agido como seus algozes. A recomendação é que ele compareça aos três dias de julgamento e tenha a última palavra, reforçando sua narrativa de resistência contra o que chama de perseguição judicial.

O julgamento gira em torno da acusação de que Bolsonaro teria liderado uma suposta tentativa de impedir a posse de Lula (PT), apesar da falta de provas concretas. Seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos mais ferrenhos defensores da tese de perseguição, afastou-se da Câmara e foi aos Estados Unidos para evitar uma possível retaliação política por parte do ministro Alexandre de Moraes.

A presença de Bolsonaro no STF também teve um forte simbolismo militar. Ele vestia em seu paletó a Medalha do Pacificador com Palma, uma das maiores honrarias do Exército. A condecoração foi recebida em 2018, mas se refere a um ato de bravura de Bolsonaro em 1978, quando resgatou um soldado de um afogamento. A medalha, concedida a militares e civis por coragem e abnegação, reforça a imagem do ex-presidente como um líder destemido e patriota.

A estratégia de Bolsonaro e seus aliados inclui expor o caráter político do julgamento. Parlamentares de oposição já haviam sido orientados a dificultar votações na Câmara como forma de protesto. Além disso, a ida ao STF foi mantida em sigilo até o último momento, pegando a mídia e seus opositores de surpresa.

Ao desembarcar em Brasília, Bolsonaro evitou antecipar onde assistiria à sessão. No aeroporto, fez críticas diretas ao processo e usou seu canal no WhatsApp para denunciar o que considera uma perseguição política inaceitável. "Todo o processo jurídico contra mim é uma aberração jamais vista! Investigações demoram seis anos sem previsão de término, prisões arbitrárias são feitas e delações são coagidas. Não há justiça, há perseguição", declarou.

Durante o julgamento, Bolsonaro esteve acompanhado por parlamentares de sua base, como Zucco (PL-RS), Mário Frias (PL-RJ) e Evair de Melo (PP-ES), que denunciaram restrições impostas ao acesso ao plenário. Apesar do esforço da oposição para obstruir pautas no Congresso, a esquerda segue tentando minar sua força política.

O ex-presidente reafirma que nunca buscou romper com a democracia e que apenas discutiu alternativas políticas dentro da legalidade. "Me acusam de um crime que jamais cometi – uma suposta tentativa de golpe de Estado. A democracia prevaleceu! Não houve golpe, o candidato adversário tomou posse, saí do país e nem estava no Brasil no dia 8 de janeiro. Ainda assim, querem me condenar", disse.

Bolsonaro encerrou reafirmando sua confiança no apoio popular e na possibilidade de disputar as eleições de 2026: "Sabem que, se eu disputar a eleição presidencial de 2026, serei vitorioso e colocarei, novamente, o Brasil no rumo certo".

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