Após 16 meses de lockdowns consecutivos, 16 das 27 capitais brasileiras poderão voltar às aulas presenciais pela primeira vez
Por ordem alfabética: Aracaju, Belém, rede distrital de Brasília, Campo Grande, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Macapá, Maceió, Natal, Palmas, Recife, Salvador, São Luís e Vitória são capitais em que o primeiro semestre foi totalmente realizado com aulas remotas. Mas, neste segundo semestre, as aulas serão híbridas. Cuiabá, também será híbrido, mas o início das aulas será apenas em outubro.
Em Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro as aulas serão totalmente presenciais e obrigatória a presença dos alunos.
Florianópolis, Manaus, Rio Branco e São Paulo preferiram apostar no regime híbrido para o segundo semestre.
Apenas Boa Vista “amarelou” e vai manter o ensino 100% remoto na rede municipal.
João Pessoa, Porto Velho e Teresina ainda não tinham decidido até sexta-feira (30).
Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), disse que, em virtude de muitas crianças não possuírem acesso à internet e equipamentos eletrônicos, é importante que a volta às aulas se faça logo.
- Já são situações que limitam muito essa possibilidade (de aula à distância). As crianças precisam estar num ambiente propício para ter um ensino à distância adequado. Dar uma aula à distância não é a mesma coisa que aula presencial.... Não é tão simples assim. Além de todos esses fatores, tem a questão do tempo de tela. Isso também é um problema, a gente sabe - pontua.
Sobre muitas capitais ainda aderirem ao sistema híbrido, ao invés do presencial, o médico afirma:
- O que é melhor? Não ter nada ou ter alguma coisa com o ensino híbrido? As crianças estão extremamente prejudicadas no desenvolvimento neuropsicomotor. Por pior que seja o ensino híbrido, é melhor do que nada - garante.
Já o diretor-executivo do movimento “Todos Pela Educação”, Olavo Nogueira Filho, afirmou que as consequências de se manter as crianças tanto tempo afastadas no ensino presencial só serão conhecidos em alguns anos.
- (...) Tem que entender que o ensino remoto é uma solução emergencial, dura um tempo limitado. No Brasil, estamos falando de quase 16 meses de escolas fechadas - lembra.
- (...) Não estamos falando apenas de impactos educacionais, mas de efeitos emocionais, sociais e, em alguns casos, de ordem física - afirma Nogueira Filho.
- A gente também já sabe que os efeitos são de repercussão duradoura. O melhor exemplo para materializar isso é a experiência de New Orleans que, em 2005, teve o furacão (Katrina). Lá, as escolas ficaram fechadas por 4 meses. O que aconteceu em termos de impacto? Os patamares de aprendizagem só foram recuperados depois de 2 anos. Isso mostra o tamanho do que a gente deve ter em termos de impacto - lamenta.
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