Milei ameaça retirar Argentina do Mercosul em busca de acordo com os EUA
O presidente da Argentina, Javier Milei, reafirmou no último sábado (1º/3) sua disposição de retirar o país do Mercosul em troca de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Em discurso na abertura do Congresso, Milei acusou o bloco – que inclui Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia (esta última em processo de adesão) – de ter enriquecido os industriais brasileiros às custas do empobrecimento da Argentina.
Milei, que já havia manifestado essa intenção anteriormente, afirmou que um acordo comercial com os EUA representa uma "oportunidade histórica". “Para aproveitar essa oportunidade, temos que estar dispostos a ser flexíveis ou, se necessário, até sair do Mercosul”, declarou.
A oferta feita ao ex-presidente norte-americano Donald Trump já havia sido mencionada por Milei durante sua participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, no mês de janeiro. Atualmente, a presidência rotativa do Mercosul está com a Argentina, e o bloco negocia acordos comerciais em conjunto com outros países.
Lula defende fortalecimento do Mercosul
O discurso de Milei aconteceu poucas horas depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em viagem ao Uruguai, destacar a importância de consolidar um bloco forte na América do Sul, independente das mudanças políticas. Durante a posse de Yamandú Orsi, novo presidente do Uruguai, Lula ressaltou que a relação entre os Estados é algo profundo e imutável, mesmo com a alternância de governantes.
O presidente brasileiro citou o recente acordo de livre comércio firmado entre Mercosul e União Europeia, que, após 25 anos de negociações, ainda aguarda ratificação para entrar em vigor. Lula destacou que, em um mundo dividido em blocos, os países mais organizados serão mais bem-sucedidos.
Milei e a continuidade da política da “motosserra”
Em sua fala no Congresso, Milei também reafirmou seu compromisso com a política de cortes de gastos públicos, conhecida como a “motosserra”. Ele a classificou como um símbolo de uma mudança de época que, segundo ele, continuará por anos, com o objetivo de reduzir o tamanho do Estado.
Milei defendeu que sua política colocou a Argentina “na vanguarda do mundo” e alegou que até o Departamento de Eficiência Governamental de Elon Musk teria se inspirado nela.
No entanto, o presidente argentino enfrenta críticas e uma queda em sua popularidade devido ao escândalo do “criptogate”, que envolveu a falência de uma criptomoeda promovida por ele. O colapso, ocorrido em fevereiro, gerou perdas multimilionárias e está sendo investigado tanto na Argentina quanto nos Estados Unidos. A revista Forbes classificou o episódio como "o maior roubo cripto da história". Além disso, Milei foi criticado por ter nomeado dois juízes à Suprema Corte por decreto, uma decisão controversa que também gerou repercussão.
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