Medicamentos vencidos foram doados para central no RS

Com a interrupção de vários centros de distribuição de medicamentos devido às enchentes, uma farmácia solidária foi criada na Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), em Porto Alegre. Localizada estrategicamente próxima à base aérea do Exército, facilita a entrega de medicamentos ao interior por meio de helicópteros. Conforme a secretaria da saúde de Porto Alegre, parte dos medicamentos doados chega vencida.

O alerta é do secretário de Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter. Durante uma live em 29 de maio sobre a catástrofe no Rio Grande do Sul, ele lamentou que empresas do setor farmacêutico estejam aproveitando a crise para enviar produtos sem validade ou próximos do vencimento. Ele mencionou uma carga de pelo menos 2 mil litros de medicamentos vencidos.

“A indústria farmacêutica nos ajudou muito, mas achou que éramos depósitos de remédios vencidos”, disse o secretário na reunião, reforçando a denúncia posteriormente.

“É muito triste que empresas utilizem a logística reversa para evitar impostos, resultando em doações de medicamentos vencidos num momento tão difícil para o estado. A Amrigs se prontificou a receber as doações e agora precisa dedicar tempo ao descarte dessa carga”, afirmou ao Metrópoles, explicando que as empresas economizam na logística reversa ao doar, transferindo o custo de descarte para Porto Alegre.

Em visita na tarde de sexta-feira (31/5), a associação médica informou que esse problema ocorreu mais no início das doações, representando menos de 1% dos itens recebidos. Até o momento, a Associação Médica do Rio Grande do Sul estima ter recebido mais de 15 toneladas de medicamentos.

Segundo a entidade, antitérmicos, antigripais, xaropes, antibióticos e remédios para piolho são os itens mais doados.

Triados por voluntários da área de saúde, os produtos chegam de diversas cidades e passam por rigorosa análise antes de serem destinados. A farmacêutica responsável pela triagem, Priscila Moroto, explica que cerca de 50 voluntários técnicos verificam aspectos como integridade e validade antes de destinar os medicamentos.

“Os que vencem até dezembro de 2024 já são colocados para uso. Estamos manejando com eficiência para evitar perdas”, explicou Priscila.

Priscila afirma que a associação se mobilizou de forma inédita, junto ao Conselho de Farmácia do Rio Grande do Sul, para prestar atendimento, promovendo parcerias com convênios médicos e entidades que fazem os tratamentos chegarem a quem precisa. Ela destaca que parte dos medicamentos tem sido destinada ao uso veterinário.

Operando com o trabalho de voluntários, o espaço fica aberto de segunda a sábado e presta suporte às Secretarias Municipal e Estadual e a outros serviços de saúde mediante solicitação.

Os pedidos podem ser feitos pelo telefone (51) 98098-8565.