Porto Alegre: Nível do Guaíba cai abaixo da cota de inundação após um mês

Nível do Guaíba fica abaixo da cota de inundação pela primeira vez em um mês em Porto Alegre

O nível do Guaíba recuou na madrugada deste sábado (1º), ficando abaixo da cota de inundação na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre. Isso significa que o lago não está mais transbordando, retornando ao seu leito após um mês – contudo, o estado de alerta permanece.

Segundo a régua instalada no Gasômetro, entre 4h15 e 4h30, o nível caiu de 3,60 metros (cota de inundação) para 3,59 metros e, às 6h15, estava em 3,57 metros. Esta é a primeira vez que o nível do Guaíba fica abaixo da cota de inundação desde 2 de maio, quando chegou a 3,69 metros. Desde então, o nível permaneceu acima da cota de inundação.

Confira:

Em maio, o nível do Guaíba atingiu marcas históricas devido aos temporais que afetaram o Rio Grande do Sul. Antes disso, o ponto mais alto registrado no lago foi 4,76 metros em 1941. Recentemente, a marca mais alta foi de 5,35 metros, alcançada em 5 de maio.

A tragédia climática resultou na morte de 171 pessoas, com 43 desaparecidas, 806 feridas e mais de 617,9 mil desabrigadas. Cidades foram devastadas: 473, de um total de 497, sofreram algum tipo de dano. O estado acumula bilhões de reais em prejuízos.

Inundações em todo o estado

A forte chuva começou em 27 de abril em Santa Cruz do Sul, na Região dos Vales, e continuou por mais de 10 dias, sobrecarregando as bacias dos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Sinos e Gravataí, que transbordaram, inundando municípios, devastando cidades e destruindo vidas.

Em Porto Alegre, a rodoviária, o aeroporto, ruas do Centro Histórico e o Mercado Público foram atingidos. Estádios de futebol também foram alagados.

O Rio Taquari ultrapassou os 30 metros de altura, atingindo o maior nível da história. Em Cruzeiro do Sul, na Região dos Vales, um vídeo registrou o momento em que a Brigada Militar tentava resgatar duas pessoas ilhadas no telhado de uma residência. Uma delas foi salva, enquanto a outra foi arrastada pela água durante a tentativa de resgate.

Após atingir a Região da Serra, passar pelos Vales e inundar a Região Metropolitana, a água chegou à Região Sul do RS no início de maio. As cidades de São José do Norte, São Lourenço do Sul, Pelotas e Rio Grande estão em estado de alerta máximo, com milhares de pessoas precisando deixar suas casas.

Novas cotas

O Governo do Rio Grande do Sul alterou, na terça-feira (28), a cota de inundação do Guaíba para 3,60 metros, contrastando com a cota anterior de 3 metros, que pertencia à régua do Cais Mauá, desativada após a cheia do dia 2 de maio. A cota de alerta também mudou de 2,50 para 3,15 metros.

Em 3 de maio, uma régua emergencial foi instalada mais ao sul da Capital, na estação Usina do Gasômetro. A régua anterior, localizada no cais, apresentou problemas. Até então, o medidor mantinha as mesmas métricas da antiga estação, instalada em 2014.

A revisão não altera as medições já realizadas, como o recorde de 5,35 metros registrado em 5 de maio. O que muda é que esse valor deve ser comparado à nova cota de inundação de 3,60 metros, e não mais ao valor antigo de 3 metros.

O governo explica que os critérios para a instalação do medidor emergencial foram acesso fácil, transparência e capacidade de interpretação dos dados por equipes de monitoramento.

Explicação

O professor Fernando Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, afirma que as réguas são equivalentes. Ou seja, quando a cota de inundação atinge 3,60 metros na estação emergencial, a do Cais Mauá registra 3 metros. Dessa forma, não há grandes alterações nas comparações entre as cheias de 1941 e a deste ano.

"A medição ainda é válida. O valor de 5,35 metros medido será obviamente conferido. Algumas verificações serão feitas, mas devido à diferença entre os sensores e o modo como foram instalados, o valor máximo da inundação será próximo ao que foi medido na Usina do Gasômetro. Pode ser corrigido um pouco para cima, mas é uma pequena diferença", explica o professor.

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