Como um homem simples, como Phineas Gage, revolucionou o estudo da neurologia
Na tarde de setembro de 1848, um acidente modificaria por completo o rumo da neurologia e o estudo da complexa mente humana.
Naquele ano, um grupo de homens que trabalhavam em uma ferrovia estava tendo dificuldade para exercer seu ofício; uma vez que se fazia obstáculo uma enorme pedra em seu caminho.
O responsável por introduzir uma longa haste de ferro para tampar a carga antes de cobri-la por inteiro de areia era Phineas Gage. Entretanto, o atrito causado pelo longo bastão de ferro na estreita parede da fenda provocou uma centelha que atingiu a pólvora.
O espesso bastão de, aproximadamente, um metro de comprimento, pesando quase 6 quilos, com a força da explosão perfurou o rosto de Phineas, adentrando pelo olho esquerdo e rompendo seu crânio, que saía por um orifício no topo da cabeça.
Colegas e especialistas médicos não acreditavam quando souberam que o rapaz não estava somente vivo, mas também consciente. Durante os curativos, o homem até mesmo dialogava com os especialistas que, boquiabertos, se encontravam.
O caso, claro, ganhou rapidamente grande repercussão em todo os Estados Unidos, causando diversos questionamentos na ciência da época. Todavia, logo foi possível identificar a drástica mudança nas atitudes e personalidade de Phineas. Ele se tornou um indivíduo antissocial e mentiroso, com um modo de agir em sociedade cada vez mais deplorável, como vagar despido pelas ruas.
Os amigos e familiares de Gage já não o reconheciam mais. Por isso, ele perdeu o emprego e tinha dificuldades de se manter em novos ofícios. Morreu 12 anos após o acidente, tendo se sustentado nos últimos tempos por meio das exibições que fazia em teatros e circos.
Esse clássico caso está eternizado nos livros de neurologia, pois foi por meio de sua trágica história que passaram a relacionar os lobos frontais, parte do cérebro que o homem havia perdido, a funções mentais e emocionais, que se alteraram em seu caso.
O crânio de Gage se encontra preservado até hoje em um museu, na Universidade de Harvard.
Texto: Pietra Pavarotti
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