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"A Lava Jato legalizou o roubo", acusa Lula

"A Lava Jato legalizou o roubo", acusa Lula

O ex-presidente e ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um dos condenados pela operação da Polícia Federal "Lava Jato", disse, nesta quarta-feira (4), em entrevista à Rádio CBN, de Campinas (SP), que a maior Força-Tarefa anticorrupção da história do Brasil foi, na verdade, a instituição que "legalizou o roubo de quem roubou".

- O saldo que ficou da Lava Jato foram 4,4 milhões de pessoas desempregadas. Foi a quebradeira da indústria brasileira, foram mais de R$ 170 bilhões que deixaram de ser investidos no setor produtivo desse país e mais de R$ 58 milhões que deixaram de ser arrecadados. Aquelas pessoas que roubaram e delataram continuam ricas, ficaram com metade do roubo. A Lava Jato legalizou o roubo de quem roubou. Tenho certeza que meus acusadores não têm 10% da tranquilidade que eu tenho hoje - alegou o petista que passou mais de um ano na prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

Lula ainda acusou o ex-juiz federal, Sérgio Moro, e o Procurador da República, Deltan Dallagnol, de perseguição política e de mentir contra ele.

- O Moro não enganou apenas a sociedade brasileira, enganou a imprensa, que foi estimulada a veicular todo santo dia as mentiras contadas por ele e pelo Dallagnol. A imprensa brasileira, uma parte dela, transformou em verdade a mentira. Uma parte da imprensa poderia pedir desculpas por ter sido enganada pela equipe do Moro e do Dallagnol - despistou, sem comentar que foi condenado em várias instâncias e que, no Supremo Tribunal Federal (STF), ele não foi inocentado. Os processos é que foram anulados por suposta "incompetência" das Varas que julgaram Lula ou em virtude das provas caducarem depois de seis anos.

A Lava Jato liderou um conjunto de investigações realizadas pela PF. Cumpriu mais de mil mandados de busca e apreensão, de prisão temporária e de preventiva e de condução coercitiva. Apurou um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais em propina. 

As investigações iniciaram em março de 2014 e contaram com 80 fases operacionais, todas autorizadas pela Justiça. Mais de 100 pessoas foram presas e condenadas por diversos crimes, entre eles: corrupção ativa e passiva, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, organização criminosa, obstrução da justiça, operação fraudulenta de câmbio e recebimento de vantagem indevida. 

Foi apontada como uma das causas da crise político-econômica de 2014 no Brasil e afundou o projeto do PT de voltar ao poder. 

Ao longo de seus desdobramentos, várias autoridades ligadas ao Partido dos Trabalhadores foram presas. Entre elas: o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o seu sucessor, Luiz Fernando Pezão, o ex-senador Delcídio do Amaral, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, os ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega, o publicitário João Santana, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, o empresário Eike Batista e até o próprio Lula, que afirma não saber de nada e se diz inocente.

O acordo de leniência com os acusados proporcionou o maior ressarcimento da história mundial.

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